A água e o bonsai.

 

 

A água é um elemento natural e indispensável na vida dos seres humanos, dos animais, das árvores e das plantas e assim acontece com o bonsai.

 

A água é um bem precioso, sem água não há vida na terra.

 

 

Em média, uma planta é constituida por oitenta por cento de água e essa água tem quatro funções essenciais na vida e crescimento do bonsai:

fotossíntese, transporte, turgidez e regulação da temperatura.

 

Ler artigo sobre a importância da água para o bonsai.

 

Há várias origens da água na terra:

- A chuva, que é precisamente a fonte mais natural de água para regar o nosso bonsai. De facto, parte do azoto sob a forma de nitrato e amónio cai à terra quando chove e é, portanto, rapidamente absorvido pelas folhas e raízes das plantas. As gotas de chuva são também ricas em oxigénio. É muito fácil ver que após um período de chuva, a vegetação começa a crescer como por milagre, contrariamente o que acontece quando regamos horas seguidas com água da torneira e o resultado é nulo, as plantas não crescem.

É portanto aos elementos que a chuva contém e ao seu baixo PH, geralmente inferior a 5.5 que as plantas reagem imediatamente.

 

- A água de nascente, mas esta água varia e depende principalmente das estações do ano, da quantidade de precipitação e sobretudo do ambiente. Além disso, esta água depende da composição mineral do solo por onde passa, pode conter elementos minerais ou químicos em excesso. Por razões de segurança e antes de qualquer utilização para regar o nosso bonsai, recomenda-se a realização de uma análise para determinar a sua composição química. Por exemplo, a água com demasiado azoto é prejudicial para o bonsai, assim como um nível de PH elevado.

Para o bonsai, este nível deve permanecer próximo de 6.5 a 7, para além do qual o bonsai pode sofrer consequências bastante prejudiciais.

 

- A água de captação, ou águas subterrâneas e de poços.

No caso da água do poço, esta é a água menos recomendada para regar o bonsai, uma vez que está estagnada e não oxigenada, contém geralmente muitas impurezas e pode causar danos irreparáveis no bonsai.

A água de furo é em princípio melhor do que a água do poço, tudo depende da rota que toma e da qualidade do solo que atravessa até ao ponto de bombagem, por razões de segurança é aconselhável fazermos uma análise antes de a utilizar para regar o nosso bonsai.

 

Nota:

A água bombeada afecta directamente o nível do lençol freático ao baixá-lo. Este sistema contribui para o aquecimento global, directamente para a secagem do solo ao longo do tempo. Muitas árvores têm raízes que atingem dezenas de metros de profundidade, tirando as suas necessidades de água do lençol freático e portanto, se o lençol freático for reduzido ou mesmo secar completamente, é fácil ver que o resultado será a morte imediata destas árvores.

Devemos então pensar em outras fontes para regar o nosso bonsai.

 

- A água da torneira: esta água, que é constantemente monitorizada por organismos oficiais é de boa qualidade para consumo humano, mas está altamente carregada com elementos como o cloro e o calcário. Se tivermos de a utilizar para o bonsai, é imperativo deixá-lo repousar durante pelo menos alguns dias para que o cloro evapore.

 

O cloro pode causar queimaduras nas folhas, especificamente nas pontas.

 

Como acabamos de ver, não há nada melhor do que a água da chuva para regar o bonsai, é a forma mais natural e segura.

Se não tivermos a possibilidade de recolher agua da chuva, podemos regar com água engarrafada, tomando a precaução de escolher água com PH igual ou inferior a 7.

 

O PH ou Potencial Hidrogénio é a medida da acidez de uma solução ou solo. Por exemplo, um ácido com um PH próximo de 0 é um ácido muito forte, tal como o ácido clorídrico. A maioria dos bonsais vive num substrato cujo PH é quase neutro, ou seja, equivalente a 7.

A acidez excessiva e a alcalinidade excessiva são prejudiciais ao crescimento do bonsai.

Alguns bonsais como os Aceres e as Azáleas japónicas gostam de um solo ligeiramente ácido, por isso aconselhamos a utilização de um substrato com uma mistura de Kanuma que tem um PH mais baixo, com Akadama.

 

Actualmente, o mundo está a atravessar um período de seca intensa, com uma crescente falta de água em muitas partes do mundo, tais como o Chile, Índia, Austrália, Estados-Unidos, França, África, Rússia e muitos outros países.

 

A seca é um fenómeno climático causado por uma precipitação insuficiente numa determinada área durante um período de tempo significativo.

 

A seca tem um forte impacto na agricultura, reduzindo a produção de cereais e afectando directamente as actividades pecuárias, resultando na falta de recursos alimentares para o gado e em consequência disso para os seres humanos.

 

Os efeitos da seca podem ser sociais, levando à perda de vidas, conflitos e migrações ou deslocações forçadas provocadas pela fome ou podem ser económicas, causando perda de rendimentos ou de meios de subsistência.

 

A escassez de água é uma importante fonte de conflito, com um número estimado em mil milhões de pessoas a viverem actualmente em zonas de escassez de água. Desde a antiguidade, as pessoas lutam para viver perto de um grande rio.

A guerra da água é uma questão estratégica e uma fonte de conflito no mundo. Já está a ser chamado o ouro azul de amanhã.

 

Os efeitos também podem ser ambientais, como demonstrou a escala de incêndios que têm vindo a acontecer de há uns anos para cá, que têm acontecido em qualquer altura do ano.

 

A degradação das florestas, as invasões de insectos e a degradação da terra através da erosão.

 

Por conseguinte, temos de remediar urgentemente o problema, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para salvar o máximo possível deste precioso recurso.

 

Há algumas medidas que podemos adoptar para combater a seca:

 

- Armazenar a água da chuva, aproveitando a precipitação a meio da estação, recolhendo-a dos telhados e armazenando-a em tanques flexíveis ou reservatórios. Estes tanques são muito práticos e podem ser facilmente adaptados a qualquer terreno, desde que seja plano e são também muito económicos. Na iberbonsai recuperamos a água da chuva das caleiras das nossas estufas que armazenamos num lago artificial de oitenta mil litros.

 

- Devemos regar o bonsai apenas quando necessário, para o nosso bonsai este sinal vem do solo, quando a superfície do torrão começar a secar, esse é o momento ideal para regar. Regar sempre de manhã para evitar doenças.

 

- A rega por imersão, mesmo que não seja a melhor solução, é uma forma eficiente de poupar água. De facto, ao regar com um regador ou uma mangueira de jardim, desperdiçamos muito mais água do que o necessário. Além disso, ao regar com um regador, reduzimos o risco de compactação do solo, o que também é benéfico para poupar água.

 

 

- Manter a superfície do torrão muito arejada, usando um ancinho, o mesmo que usamos para desembaraçar as raízes, é muito adequado. Caso contrário, o solo torna-se compactado e a água evapora-se muito mais rapidamente, daí a importância de manter a superfície do solo solta.

 

- Para evitar ou pelo menos reduzir a compactação do solo, a rega deve ser feita suavemente, ou seja, sem força, a água deve cair fina e lentamente como numa chuva leve.

 

- Também podemos proteger o torrão com palha, musgo ou turfa para manter a humidade e reduzir a evaporação.

 

A água que pode ser salva com o bonsai

 

 

Como o bonsai não necessita de tanta água como as outras plantas em vaso ou de jardim este é um pequeno passo que cada um de nós pode dar a fim de ajudar à sobrevivência de todos, no nosso planeta. Basta um ou dois bonsais por pessoa para fazer a diferença e se juntarmos todos os que já têm bonsais por esse mundo fora, podemos poupar quantidades significativas de água.

Vamos pensar nisso...

 

Ler artigo como regar o bonsai