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PESQUISA AVANÇADA
Enxertia do bonsai

 

Enxerto de acer palmatum deshojo iberbonsai

 

Enxertia do bonsai

 

Tal como a sementeira, a estaquia ou a alporquia, a enxertia é um meio de propagação. Esta técnica baseia-se na união de tecidos vegetais de dois sujeitos, que podem ser diferentes, mas compatíveis entre si por serem de espécies próximas.

 

Na natureza podemos ver árvores a tocarem-se umas às outras e a continuar a crescer por fusão. Desta forma, as partes de uma planta que tocam os ramos de outra ligam-se espontaneamente umas às outras, unindo-se para formar uma única árvore.

 

O que é a enxertia do bonsai?

 

Portanto, o enxerto, como acabamos de ver, é a união de uma parte de uma planta com a de outro sujeito, dando assim origem a uma nova planta que será um individuo único.

 

Para realizar um enxerto, precisamos de dois elementos. O primeiro é o porta enxerto, que está enraizado e o segundo é a parte enxertada chamada de enxerto.

 

A enxertia não é o processo mais utilizado para a reprodução do bonsai.

 

De facto, só usamos esta técnica para rectificar erros flagrantes num bonsai ou para reproduzir determinado bonsai, como é principalmente o caso do Pinus Pentaphylla, que é enxertado no Pinus negro ou Thunbergii, ou o Acer Palmatum Deshojo no Acer palmatum. A vantagem neste caso é a de melhorar o crescimento utilizando um porta enxerto com um sistema radicular mais vigoroso caso do pinus thunbergii ou do acer palmatum para alimentar o enxerto pinus pentaphylla ou acer palmatum deshojo. Quase todas as variedades e cultivares de acer palmatum são propagadas por enxertia ou estacas.

 

Contudo, existe outra possibilidade de obter um pinheiro de cinco agulhas, por sementeira, e este é o caso do Pinus Parviflora, embora não seja muito fácil, pois a taxa de sucesso é muito baixa e inferior a quarenta por cento nas melhores das condições. Um grama de sementes de Pinus Parviflora contém cerca de sete sementes e requer estratificação a frio de três a cinco graus durante três a quatro meses, semeando na primavera quando a temperatura começa a subir. No entanto, obtemos um espécime muito mais bonito por sementeira do que por enxertia. O enxerto do Pinus Pentaphylla deve ser muito discreto e muitas vezes não é o caso, apresenta regularmente um inchaço ou protuberância, o que prejudica a estética do bonsai, além disso o enxerto deve ser o mais baixo possível para se fundir com o tronco principal.

 

O mesmo se aplica ao Acer Palmatum Deshojo que pode ser facilmente obtido a partir de estacas semi lenhosas. Além disso, este processo tem a vantagem de não deixar marcas visíveis, ao contrário da enxertia que deixa sempre uma protuberância que é, muitas vezes desagradável.

 

Há vários tipos de enxertos que podemos aplicar ao bonsai:

 

A- Enxertia de escudo:

 

Esta é a mais fácil e é feita no Verão, geralmente de meados de Julho até finais de Setembro.

 

É também o mais vantajoso, pois é apenas necessário um só olho para realisar o enxerto e duas semanas depois é possível verificar se o enxerto foi bem-sucedido. O porta enxerto ou no nosso caso o bonsai, deve ser bem regado durante as duas semanas que antecedem o enxerto.

 

- 1- Retirar as folhas e os ramos da área a enxertar.

- 2 - Depois utilizando uma ferramenta de enxerto, faz-se um corte em forma de T na área limpa. Com cuidado, deve-se empurrar a lâmina até sentir resistência, ou seja, contacto com a madeira do porta enxerto.

- 3 - Em seguida, remover suavemente a casca com a espátula, parte posterior da faca de enxertia que está especialmente preparada para este fim. A casca deve soltar-se sem dificuldade, caso contrário significa que o porta enxerto não está suficientemente em seiva e que o enxerto não irá pegar.

- 4 - Remover o enxerto que queremos introduzir, ou seja, remover o olho do ramo previamente escolhido. Para tal, escolhemos um olho bem desenvolvido, localizado na axila de uma folha e retiramos a folha, deixando apenas uma parte do pecíolo. Com a faca de enxerto removemos cerca de três centímetros de casca com o olho escolhido, sem nunca remover a madeira, ou seja, o coração do caule, e sobretudo sem esvaziar a parte inferior do olho, o que é fundamental para a sobrevivência do enxerto.

- 5 - Utilizando a espátula, abrir as extremidades da incisão em forma de T que fizemos na nossa porta-enxerto e inserir o enxerto, tendo o cuidado de o colocar na direcção certa, ou seja, cabeça para cima e não ao contrário.

- 6 - Finalmente prender com ráfia ou fita de celofane previamente embebida em água, em primeiro lugar porque será mais fácil de aplicar e, em segundo lugar, ao secar, tenderá a apertar o enxerto no porta enxerto.

 

Na Primavera seguinte, se o nosso enxerto for bem-sucedido, seremos capazes de notar que o enxerto começa a crescer.

 

 

B - Enxerto inglês:

 

Neste caso devemos ter um porta enxerto e um enxerto com o mesmo diâmetro, até um máximo de dez milímetros. Um corte biselado de cerca de três centímetros de comprimento é feito no porta enxerto e um corte com o mesmo comprimento é feito no enxerto, mantendo apenas um olho. Esta operação é levada a cabo em Março-Abril.

As duas feridas ou zonas generativas são sobrepostas e atadas com fitas plástica que é enrolada à volta do enxerto, começando na parte mais baixa.

 

 

C - Enxerto de fenda:

 

Este enxerto é normalmente realizado em Março ou Abril. O porta enxerto pode ter de um a cinco centímetros de diâmetro.

O porta enxerto é fendido longitudinalmente e depois é inserido um enxerto em cada extremidade da fenda ao longo de vários centímetros, cortado em bisel duplo, ou seja, de cada lado do enxerto, assegurando naturalmente que as duas zonas generativas estão em contacto.

Depois, o enxerto é atado com fita plástica ou ráfia e coberto com massa de enxerto para evitar a entrada de parasitas e doenças.

 

 

 

D - Enxerto Lateral:

 

 

Este é o enxerto mais fácil de realizar. Consiste simplesmente em fazer um corte inclinado na lateral do porta enxerto e inserir um enxerto cuja base também terá sido biselado. A seguir prender e colocar pasta de enxerto.

Esta técnica é particularmenbte recomendada para coníferas e árvores de folha perene, uma vez que permite uma grande superfície de contacto, facilitando assim o processo de enxertia.

 

E - Enxerto directo sobre bonsai:

 

Esta técnica é frequentemente utilizada para rectificar um problema estético num tronco, por exemplo para adicionar um ramo onde não há nenhum ou para rectificar a sua posição. esta operação tem lugar na Primavera, de preferência sobre um bonsai em plena vegetação, mas com o chamado enxerto dormente, ou seja, com vegetação parada.

Consiste em fazer um furo com uma broca de madeira, do mesmo diâmetro que o enxerto que queremos introduzir, perfurando com um ângulo de cerca de quarenta e cinco graus para baixo.

O enxerto pode ser uma muda de um ou dois anos ou simplesmente um ramo que tenho sido retirado de outra árvore de bonsai.

 

Podar o enxerto removendo a casca cerca de um centímetro, tendo o cuidado de não alcançar a madeira, e depois inseri-la no furo que fizemos no porta enxerto. Mais uma vez o segredo está na aplicação precisa, de modo a que as zonas generativas estejam em contacto. É difícil ligar este tipo de enxerto, mas o enxerto deve ser inserido com força para que se mantenha no lugar. Aplicar uma pasta de enxerto à volta do enxerto para proteger contra água e doenças.

 

O segredo da  enxertia do bonsai.

 

Nota: qualquer que seja o tipo de enxerto que escolhemos realizar, é imperativo e crucial respeitar certas regras:

 

- A Polaridade: isto é, a direcção da orientação das peças a colocar em contacto, ou mais simplesmente respeitar a direcção da seiva. Isto significa levar o enxerto na direcção certa, com a cabeça para cima, conforme o retiramos da planta mãe.

- O contacto das zonas generativas: para que a soldadura tenha lugar, as zonas generativas ou zonas de câmbio devem tocar umas nas outras e permanecer em contacto pelo menos num ponto.

 

 

- O Câmbio, do latim cambiare, que significa mudar, produz os tecidos condutores secundários, é uma ponte entre a madeira e a casca.

Estas são as zonas generativas que permitem que o enxerto viva, por isso, quando realizamos o enxerto, temos de garantir que estão em contacto.

 

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