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iberbonsai a desfolha do bonsai

 

A desfolha do bonsai.

 

É uma técnica corrente no cultivo do bonsai de folha caduca.

 

Existem muitas técnicas para formar um bonsai, desde a poda de estruturação, a aramação, o transplante regular em vaso com medidas reduzidas para conseguir um nebari o mais original possível.

 

 

Mas, o que é um bonsai e porquê a desfolha?

 

 

O bonsai não é apenas uma planta num vaso como se quer inicialmente fazer crer, é muito mais do que isso, porque para criar um bonsai, devemos utilizar técnicas aprovadas como transplante, a poda, a aramação, métodos de cultura que permitem estilizar uma árvore e formá-la em bonsai.

 

Força, elegância, leveza e movimento são os quatros pilares da construção de um bonsai.

 

A força:

 

- A força é representada pelo nebari, que é a base do tronco e o conjunto de raízes na superfície do solo. Esta é a primeira parte que se vê quando se olha para um bonsai e é necessário tempo e trabalho árduo para o aperfeiçoar.

- É o resultado de sucessivos transplantes que, depois de cortar a raiz axial desde o início, conseguimos que as raízes secundárias mais finas fiquem com uma forma de estrela. Este processo causa um movimento que faz com que o colarinho, ou seja, a base do tronco cresça mais, uma vez que a raiz principal não pode crescer para baixo.

 

A elegância é obtida através da poda:

 

- Seja qual for a árvore em que estamos a trabalhar, devemos ter em mente o resultado final, mesmo que perdure durante anos, a elegância é uma prioridade, a seguir à força, que como acabamos de ver é representada pelo nebari.

 

Ler artigo sobre o nebari do bonsai e as raízes rasantes.

 

Leveza e movimento:

 

- Para além da poda, que nos permite refinar a elegância, temos à nossa disposição a aramação com arame de alumínio anodizado para ajudar a pronunciar o movimento e transmitir leveza a toda a estrutura do bonsai. A aramação é útil para os ramos que não somos capazes de dirigir sozinhos através da poda e, sobretudo, permite-nos obter imediatamente a forma desejada.

 

- Quando aplicamos o arame a todos os ramos do bonsai, é fácil moldar os galhos como desejamos, tendo a possibilidade de experimentar várias situações possíveis para finalmente escolher a melhor.

 

- A aramação do bonsai consiste em enrolar um arame de alumínio ou de cobre que, neste caso, deve ser cozido, em volta do tronco ou de um ramo, para modificar a sua direção, tendo em vista a definição da forma pretendida.

 

- A aramação pode ser feita praticamente durante todo o ano para a maioria das espécies de bonsai, de preferência no inverno para as coníferas.

 

- O arame irá permanecer vários meses e será retirado antes de começar a marcar a casca, no verão será a vez dos bonsais de folha perene, permanecendo pelo menos três meses. Em qualquer dos casos, se ao retirar o arame, o ramo ou galho não ficar na posição pretendida, então teremos que repetir a aramação por mais uns meses.

 

- Convém aplicar o arame sem apertar em demasia para não marcar a casca do ramo, por norma deixamos um espaço livre entre o arame a a csaca.

 

- Com o tempo, é importante vigiar o impacto do arame e removê-lo antes deste ficar cravado na casca da árvore.

 

- O arame de alumínio anodizado é muito flexível e resistente, na iberbonsai temos arame de um até oito milímetros de diâmetro.

 

- Para colocação de arame grosso, a partir de cinco milímetros de diâmetro, é recomendado envolver o ramo com ráfia antes de colocar o arame a fim de não danificar o ramo ao curvá-lo.

 

- O arame tem de ter um apoio para ser eficaz, deve-se começar a colocar o arame no torrão e enrolar em volta do tronco ou nos primeiros ramos, mais abaixo.

 

- Para os ramos superiores começar a partir do tronco ou à volta de um ramo mais grosso, respeitando sempre um ângulo de quarenta e cinco graus e começando sempre pelo ramo mais grosso e seguindo até ao ramo mais fino.

 

Ler artigo original sobre como fazer um bonsai.

 

 

Qual o papel preponderante da folha no bonsai?

 

- A folha ou agulha no caso do pinus é um dos elementos vitais que as plantas possuem.

 

- A folha, tal como a agulha, é um orgão essencial na nutrição das plantas e das árvores de bonsai. Absorve a água, a luz e o dióxido de carbono e liberta o oxigénio que benefia o mundo animal, sem o qual não haveria vida no planeta.

 

- A função principal da folha é a fotossíntese e a respiração. A fotossíntese é uma reação bioquímica cujo objetivo é criar energia, sob a forma de hidratos de carbono, a partir da energia luminosa do sol. A folha é o cenário das trocas gasosas e ao mesmo tempo um centro de ar condicionado que regula a perda de água a um mínimo. É um verdadeiro laboratório onde a transformação da seiva bruta em seiva elaborada tem lugar.

 

- É graças a pequenas aberturas na epiderme da folha que a perda de água por evaporação é controlada e também acontece o controlo das trocas gasosas entre o oxigénio O2 e o dióxido de carbono CO2.

 

- Na morfologia vegetal, a folha, que pode ser simples ou composta, é o orgão especializado em fotossíntese. Normalmente inserida nos caules das plantas nos nós, a folha é também responsável pela respiração e transpiração e é por isso uma força motriz do bonsai ou da árvore.

 

- A folha é constituida por três partes:

 a - Uma lâmina foliar, que contém as células responsáveis pela fotossíntese, esta é a parte plana da folha;

 b - O pecíolo, onde passam os vasos condutoras da seiva do caule até à lâmina, isto é o que corresponde à parte mais redonda entre o caule e a lâmina;

 c- A nervura central e as nervuras secundárias.

 

- A respiração ocorre a todo o momento, enquanto a fotossíntese só tem lugar na presença de luz.

 

- A folha é o principal teatro de troca de gás e é responsável pela climatização da árvore, optimizando a perda de água ao mínimo e tirando partido da quantidade máxima de luz. Isto é possível graças aos estômatos, que são pequenas aberturas na epiderme da folha que controlam a perda de água através da evaporação e também controlam a troca de gás entre oxigénio e o dióxido de carbono para a fotossíntese.

 

 

Mas então qual o objetivo da desfolha do bonsai?

 

A desfolha do bonsai pode efetuar-se a cada dois ou três anos. Não todos os anos porque é uma prática que provoca um desgaste muito importante no bonsai, reduzindo as reservas e consequentemente pode conduzir à morte do bonsai.

 

O objetivo da desfolha do bonsai é acelerar a ramificação e originar uma nova rebentação, como se fosse uma segunda primavera provocando o aparecimento de folhas cada vez mais pequenas.

 

DICA:

 

- Permite igualmente o controlo do crescimento de certos ramos do bonsai quando, por exemplo, um ramo é mais forte comparado com o resto da árvore, a desfolha desse ramo vai ajudar a reduzir o vigor, ou pelo contrário, se necessitarmos dar mais força a um ramo enfraquecido, faremos a desfolha de todo o bonsai menos do dito ramo.

 

- Esta técnica é geralmente aplicada no fim da primavera até ao início do verão, em bonsais de folha caduca e acima de tudo em bonsais sãos e de boa saúde. O mês de junho é o mês mais propício para realizar esta técnica, porque dá tempo a árvore de produzir novas folhas até ao verão.

 

- Não se pode desfolhar um bonsai debilitado, o choque provocado pela perda das folhas pode acabar por matar o bonsai já enfraquecido.

 

- Não é igualmente recomendado desfolhar um bonsai logo a seguir ao transplante, pois neste caso o bonsai necessita mais do que nunca das suas folhas para recuperar do envasamento.

 

Como já vimos, devemos esperar o início da primavera para praticar a desfolha e o bonsai deve estar de boa saúde e muito vigoroso, já com as folhas bem formadas e não ter sofrido um transplante há pouco tempo atrás nem nenhuma situação de stress.

 

A desfolha total do bonsai permite acelerar a ramificação e reduzir o tamanho das folhas.

 

A desfolha permite à luz solar entrar no interior do bonsai, o que não acontece com as folhas, favorecendo assim o desenvolvimento de brotos e ramos secundários, evitando do mesmo modo a morte de galhos e ramos mais pequenos por falta de luz.

 

A desfolha do bonsai favorece a nanificação da folha.

 

A desfolha do bonsai equivale a dois anos de cultivo no mesmo ano, como se fosse uma segunda primavera.

 

Como proceder a desfolha do bonsai?

 

A técnica em si não tem nada de complicado. Consiste em cortar o pecíolo deixando mais ou menos meio centímetro a um centímetro preso ao ramo, nunca retirar por completo o pecíolo arrancando-o porque provocaria a respetiva supressão do futuro broto evitando assim o nascimento de um novo ramo.

 

Muito importante, o corte deve ser limpo e franco, não pode ser mastigado.

 

DICAS:

 

- Uma vez desfolhados os ramos, importa cortar o broto terminal de cada um deles para dar mais força e mais potência aos brotos secundários, caso contrário a força irá sempre para cima e na extremidade do ramo, como acontece na natureza.

Recomendamos a utilização de uma tesoura fina ou melhor ainda de um desfolhador e de uma tesoura fina de pinçagem para cortar os brotos terminais.

 

- Depois da desfolha é necessário proteger o bonsai, resguardando-o do sol direto durante o período mais quente do dia e das correntes de ar, reduzindo a rega já que sem as folhas não haverá evaporação nem transpiração e evitar qualquer aplicação de adubo até à nova brotação. Uma exposição a meia sombra será ideal.

 

- Qualquer tarefa que se pretenda executar sobre o bonsai deve respeitar o momento certo, é assim que a natureza nos ensina e é assim que devemos respeitar a natureza e consequentemente o nosso bonsai.

O não respeito dessa regra fundamental pode provocar uma situação de stress ou até de morte do bonsai, diminuindo o processo de crescimento em vez de melhorá-lo.

 

Sobre os pinus:

 

Outro método que pode ser utilizado de vez em quando porque enfraquece muito o bonsai pinus, é retirar uma grande parte das agulhas no final do verão, não é aconselhável antes porque o bonsai ainda não tem reservas suficientes nos ramos e em vez de criar novos brotos, o ramos pode criar madeira e ficar lenhoso. Esta operação deve ser sempre realizada em bonsais muito fortes e de boa saúde.

 

Fora deste período também não adianta em nada porque o bonsai pinus não vai brotar de novo, só vai enfraquecer.

 

Os mais experientes retiram as agulhas com os dedos, mas é mais indicado realizar esta operação com uma tesoura fina própria. Consiste em cortar as agulhas uma a uma deixando a base intacta com mais ou menos três a cinco milímetros, caso contrário e arrancando a base, nunca irão nascer novos brotos.

 

Retirar as agulhas favorece o nascimento de novos brotos, ajuda a obter agulhas mais pequenas com o tempo e deixa entrar mais luz no interior do pinus que consequentemente provocará o nascimento de novos brotos no interior da árvore com mais facilidade.

 

IMPORTANTE:

 

- Deixar sempre as agulhas do ano em curso, são as agulhas verdes mais claras, o ramo é também muito tenro e de cor muito claro;

 

- Retirar as agulhas do ano anterior verde escuro e de dois anos atrás mais escuro ainda e retorcidas.

 

Ler artigo original sobre a poda e a pinçagem do bonsai pinus.

 

Qualquer intervenção no bonsai só terá resultados significativos se a árvore estiver de boa saúde e com muito vigor.

 

Um bonsai fraco ou débil nunca poderá responder positivamente a qualquer intervenção, pelo contrário correrá o risco de piorar.

 

A desfolha não é exceção, se retirarmos as folhas a um bonsai enfraquecido só podemos ter como resultado a morte do mesmo.

 

Antes de mais, temos que perceber o ciclo natural do bonsai durante o ano:

 

1- A brotação e a floração na primavera:

 

A primavera é no dia vinte de março no calendário. Para as plantas apenas quando o tempo começa a aquecer, quando os dias e as noites ficam mais amenas, com os dias mais longos, aí a seiva começa a subir e a alimentar os brotos que vão abrindo.

Nessa altura também se deve realizar as sementeiras, diretamente de sementes conservadas no frio, ou de sementes previamente estratificadas.

 

Ler mais sobre a sementeira do bonsai.

 

 

2- O crescimento e a frutificação na primavera e verão.

 

Vinte e um de junho é o dia de verão no calendário. Conforme a temperatura diurna e noturna, as plantas irão desenvolver os seus ramos e produzir frutos com mais ou menos rapidez e intensidade.

É a época de mais trabalho com as regas, podas de manutenção, fertilização e retiradas das ervas daninhas. É a altura certa para a desfolha dos bonsais de folha caduca.

 

 

3- O repouso de curta duração no fim do verão.

 

A partir de meados de agosto, na realidade quando começão os dias a ficarem mais curtos e também menos quentes, a vegetação vai reduzindo de intensidade, já estamos com seiva descendente, quer dizer que a seiva já não transporta os açucares, inicialmente produzidos pela fotossíntese, já que as folhas estão a perder intensidade.

 

Aproveitamos o fim do verão para fazer estacas semilenhosas da maioria das espécies de bonsai perenes e coníferas.

 

Ler mais sobre como conseguir um bonsai a partir de estaca.

 

 

4- A maturação e a preparação para o repouso vegetativo no outono.

 

O outono é no dia vinte e dois de setembro, mas é quando as folhas começam a cair e os dias a ficarem cada vez mais curtos e mais frios, que o nosso bonsai estará a preparar-se para a dormência de inverno, até a seiva parar.

Já se pode pensar em adubar com um adubo orgânico como por exemplo o biogold.

 

 

5- A dormência no inverno.

 

O inverno é no dia vinte e um de dezembro, mas pode ser mais cedo ou mais tarde para as nossas plantas: frio, dias mais curtos e queda total das folhas nas árvores caducas, a vegetação está completamente parada e a seiva estagnante.

Com a seiva parada, será a altura ideal para proceder à poda de estruturação, assim teremos a garantia de não enfraquecer o bonsai.

 

Ler mais sobre as tarefas e o calendário do bonsai.

 

A desfolha do bonsai é fundamental nas árvores de folha caduca.

 

É necessário de vez em quando para provocar uma melhor ramificação e sobretudo para ajudar a reduzir o tamanho da folha, elemento primordial na apreciação do bonsai.

 

A arte do bonsai é muito mais que tratar da planta em si, envolve-nos num mundo mais espiritual, mais íntimo e sobretudo mais natural.

O ser humano necessita de um ambiente natural ao seu redor para viver em paz, coisa que hoje em dia, desapareceu do nosso quotidiano.

 

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